Nova Brasil FM

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Do Feudalismo ao abismo

A origem das relações do homem com o meio ambiente remotam o século XI, num regime socioeconômico caracterizado pela distribuição da terra, em um sistema baseado na economia de subsistência, onde o homem era um indivíduo bucólico, retirando para si a parcela necessária para sua sobrevivência.

O comércio tinha pouca importância, pois as comunidades viviam isoladas nos feudos, tendo, portanto auto-suficiência econômica. Com a crise deste sistema devido à exaustiva exploração da terra reduzindo a produção e provocando altas nos preços dos produtos, tornando-se quase impossível para a população o acesso à alimentação até mesmo em regime de escambo, bem como a proliferação de doenças e da Peste Negra que dizimou plantações e pessoas, fizeram os sobreviventes buscarem alternativas de trabalho em outras regiões. Estas migrações deram origem às cidades e as feiras onde outrora, eram comercializados o excedente produtivo já com moedas metálicas suas mercadorias. O desenvolvimento do comércio propiciou o acúmulo de capitais. Com o aumento da circulação de moedas, a riqueza passou a ser medida pela quantidade de dinheiro, os preços subiram e o custo de vida também.

O capitalismo, sistema baseado no lucro, substituiu o feudalismo, surgindo grandes fortunas. Cessaram as permutas, consolidando as relações comerciais pelas compras pagas em moedas metálicas. A colonização, proporcionada no período das grandes navegações, o crescimento populacional, as invenções mecânicas na indústria e a expansão do mercado consumidor foram fatores relevantes que permitiram o aparecimento deste novo sistema, tornando-se a base da Revolução Industrial.

Foi a partir da primeira Revolução Industrial e de fatores como a explosão demográfica, a abertura do comércio internacional, a concentração urbana e a frenética corrida pelo desenvolvimento a qualquer custo entre as nações hoje industrializadas, que passamos a degradar o ambiente em que vivemos, constituindo um problema para a humanidade. Isso não pelo fato da indústria ser a principal atividade responsável pelo lançamento de poluentes no meio ambiente, mas porque a Revolução Industrial representou a consolidação e mundialização do capitalismo, sistema sócio-econômico dominante no planeta.

O crescimento demográfico, em alguns países estão forçando o aumento da capacidade na produção de alimentos, os solos cada vez mais exaustos e comprometidos com a utilização da agricultura mecanizada, fertilizantes, e a escassez da água hoje também já sinaliza ser um outro agravante. Em detrimento disso, vivemos na sociedade do desperdício, onde boa parte do que produzimos, principalmente os alimentos, vão parar no lixo. A comunicação em massa com as fortes estratégias mercadológicas de tecnologia e inovação, nos seduz a consumir novos modelos de produtos com qualidade superior aos recém lançados, e disponibilizados quase todos os dias no mercado consumidor, determinando a redução da vida útil dos produtos. As multinacionais operam com tecnologia de ponta (robótica, informática e automação) as quais substituem parte considerável de mão-de-obra, com isso o desemprego cresce, com ele caminham a fome, a miséria e a violência dos que não compartilham deste processo.

O aquecimento global e o aumento do buraco na camada de ozônio, hoje é um lamentável fato. E isso põe em risco toda cadeia produtiva, talvez até sem possibilidade de reversão mesmo que parcial, ameaçando toda espécie viva do planeta. Nossa sobrevivência depende dos recursos naturais renováveis ou não. Há um iminente crescimento econômico em alguns países periféricos na busca da melhoria da qualidade de vida de suas populações, sendo que a principal fonte para esse desenvolvimento é a energia que normalmente vêm das vastas reservas de carvão mineral e do petróleo, principais vilões do aumento da camada de ozônio e do aquecimento global.

O novo relatório da ONU já não deixa dúvidas quanto ao impacto catastrófico causados, principalmente pela atividade humana: (queima de combustíveis fósseis, desmatamentos e queimadas, produtos derivados do petróleo, carvão mineral, emissão de clorofluorcarbonetos (CFC) e a descarga na atmosfera de gás carbônico (CO2) sobre o clima). E não as causas naturais como especulavam os comprometidos com a produção industrial. O recente relatório do Painel Intergorvernamental das Alterações Climáticas – IPCC, publicado em Paris no ano 2007, dentre outras conseqüências ambientais do processo de industrialização e do inerente e progressivo consumo de combustíveis fósseis veio confirmar a e chamar atenção da humanidade para o aquecimento global.

Contudo, o atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios, se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia-a-dia. Diante desta constatação, surgiu a idéia do Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, ainda, o fim da pobreza no mundo. A constante utilização da energia produzida e o dispendioso consumo dos combustíveis fósseis vêm lançando no ar abundantes partículas nocivas ao ambiente natural aquecendo o planeta resultando em determinantes transformações econômicas, sociais, tecnológicas e infelizmente ambientais, que vêm ocorrendo desde a Primeira Revolução Industrial.

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