Nova Brasil FM

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Camaçari: Historicamente desigual entre si

Nosso país infelizmente, é marcado dentre outros problemas pelas desigualdades regionais, resultante de um histórico processo migratório, marcado pela transferência da Coroa Portuguesa da cidade do salvador, então, capital do país, para a cidade do Rio de Janeiro e pelos sucessivos ciclos econômicos. Apesar de habitar o mesmo território, ser o mesmo povo e a mesma nação, padecemos de disparidades internas. Fomos os pioneiros na ocupação pelos nossos colonizadores portugueses, mas, a transferência para a Região Sul foi tida como estratégica do ponto de vista econômico e social pela Família Real.

Esse fato histórico assemelha-se muito com nossa cidade. Curiosamente, também por questões econômicas, migramos do berço da civilização camaçariense, ainda, no século XV iniciada na Aldeia do Divino Espírito Santo, atual Distrito de Vila de Abrantes; Tivemos uma rápida transição intitulada de município Montenegro e, finalmente nós fixamos onde é hoje. Aos poucos fomos crescendo, nos estruturando até nós tornar-mos a famosa cidade de Camaçari (Sede). Se distanciando da Orla, que aqui vou denominá-la como a "outra Camaçari". Localizada geograficamente a leste, banhada pelo oceano atlântico com 42 km de extensão, composta por dispersas comunidades litorâneas e rurais, caracterizada pelas suas belezas naturais "separadas" por pouco mais de 20 km do centro.

Mas, percorrendo esse trajeto, temos a sensação de estar realmente em outra cidade, devido a vários fatores como: o intenso fluxo de veículos, de transporte de cargas, de pessoas, grandes edificações, centro comercial e financeiro etc. características de centro urbano, além do estilo de vida e hábitos, que nos diferenciam dos nossos conterrâneos Camaçarienses.

No entanto, esse espaço não se encontra igualmente compartilhado, pois, é muito comum entre os habitantes que procuram emprego e residem na "outra Camaçari", sofrerem restrições quanto ao seu endereço, pois, as empresas geralmente, instaladas em Camaçari, proporcionam mais oportunidades à força de trabalho localizadas na Sede. Dessa forma, os profissionais da "outra Camaçari" ficam prejudicados. As tarifas de transporte coletivo são diferenciadas e quando tomamos um ônibus em qualquer parte da Orla, está estampado: CAMAÇARI, até parece que estamos em outra cidade realmente, "não é verdade?"

Isso fica muito evidente pela concentração dos equipamentos públicos modernos, pela oferta de serviços, eventos, escolas, cursos de capacitação, teatros enfim, tornamo-nos uma cidade-colônia. Somos basicamente lembrados pelo entretenimento, pelas tradicionais Lavagens, durante o pleito eleitoral ou ainda pela cobrança de impostos. Óbvio, que a cidade de Camaçari, como quaisquer outras cidades também têm suas mazelas, mas possuem maior atenção das autoridades.

Talvez, pela densidade populacional e, consequentemente do número de eleitores. Embora, recentemente tenhamos presenciado algumas intervenções de melhoria do poder público a "outra Camaçari", ainda, carece de ações mais efetivas e representativas.

Camaçari vive o bom da indústria de transformação, e abriga o maior complexo industrial do Hemisfério Sul, enquanto a "outra Camaçari" sobrevive do setor primário, do comércio e da expectativa do turismo. Até pela atividade econômica somos diferentes. Na comunicação o sinal inexiste, a troca de informação entre ambas é quase nula, ao menos somos contemplados com o canal fechado que oferece uma farta programação e, até a TV Câmara, um importante instrumento de comunicação dos atos do poder legislativo que representa os interesses da coletividade, não podemos acompanhar. Aliás, somos praticamente privados dos serviços e das utilidades públicas disponibilizadas por Camaçari, vivemos da utopia Camaçariense.

Contudo, faz-se necessário minimizar o paradoxo existente entre a Sede X Orla do Município, abolir com essa disparidade, ser mais amparados e estruturados com o melhoramento do sistema de transporte, comunicação, saúde, educação e segurança, diversificando a atividade econômica da "outra Camaçari", com o desafio de conciliação entre preservação do meio ambiente e crescimento econômico sustentável. Proporcionando condições de inserção socioeconômica compatível com nossa vocação econômica e dos recursos naturais disponíveis, pois, mesmo com a descentralização da extinta Secretaria de Integração da Orla - SEORLA, que teoricamente tinha como objetivo acompanhar e minimizar os problemas existentes, não foi suficiente para essa finalidade.

Em suma, sem desmerecer o OP, devemos incentivar a participação das Associações de Moradores que compõem a Orla de Camaçari, terem independência, resgatarem sua autonomia e participação mais ativa nas tomadas de decisões. Mesmo porque, as comunidades carecem de alguns requisitos para elevar seu conceito, perante os visitantes, turistas e, principalmente os próprios moradores que serão os maiores beneficiados deste processo, fazendo com que a população da "outra Camaçari" tenha orgulho em habitar essa cidade, pois, sem o atendimento destes, não haverá nenhum avanço de integração. Afinal, aqui também é Camaçari e estamos muito longe da verdadeira integração entre Camaçari e a "outra Camaçari".
 

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